O Ministério da Saúde vai promover um amigo secreto diferente neste fim de ano. Com o tema Seja o amigo oculto de alguém por toda a vida, a Campanha Nacional de Doação de Medula Óssea será lançada nesta terça-feira (22) e busca ampliar o cadastro de doadores no Brasil, amenizando o sofrimento dos pacientes com leucemia. Originado na medula óssea, este câncer diminui a produção de células sanguíneas normais, causa transtornos como anemias, dores de cabeça nos ossos e articulações, prejudica a qualidade de vida e pode levar à morte. Clique aqui e veja a campanha.
Hoje, o Brasil tem o terceiro maior banco de doadores de medula óssea do mundo, atrás apenas dos Estados Unidos e da Alemanha (veja gráfico). Instalado no Instituto Nacional de Câncer (Inca), o Registro Brasileiro de Doadores Voluntários de Medula (Redome) ultrapassou a marca de um milhão de pessoas inscritas. O número é de 1.369.754 doadores, um crescimento de 10.814% em relação a 2001 (veja quadro), quando havia 12.550 pessoas registradas. Com a ampliação, o Brasil alcançou a meta do Programa Mais Saúde três anos antes da data prevista. O objetivo era alcançar 920 mil doadores até 2011.
Mesmo com o avanço, os pacientes com leucemia ainda enfrentam dificuldade em encontrar um doador compatível. Quando não há um parente próximo que possa doar, a solução para o transplante é justamente procurar um doador no Redome. Porém, estima-se que, para um milhão de pessoas, há apenas um doador compatível.
Atualmente, 979 pacientes estão em busca de um doador compatível no Brasil. “O ideal seria que todos os jovens e adultos fossem doadores, pois aumentaria a chance de quem necessita encontrar um doador o mais rápido possível. A medula óssea recompõe-se em poucos dias e não faz falta para quem doa. A falta de informação é, sem dúvida, o maior obstáculo na luta contra a leucemia”, afirma o secretário de Atenção à Saúde, Alberto Beltrame.
VEICULAÇÃO - Com filmes para TV, spots de rádio e anúncio em revistas, a campanha será veiculada em todo o Brasil até o dia 27 deste mês e posiciona o doador como um amigo que, apesar de não ser conhecido por quem é “presenteado”, reconhece a importância de ser solidário e ajudar a quem precisa. A iniciativa aproveita o momento de confraternização de fim de ano para convocar a população a participar de uma causa muito nobre. Como no amigo oculto a revelação do presente é o ponto máximo da confraternização, o primeiro filme traz o depoimento de um doador desejando uma vida de alegria e saúde para quem recebeu a doação. O segundo vídeo, por sua vez, traz a cena de um garoto de 10 anos, que agradece o maior presente que ele já recebeu, isto é, a sua vida.
Para se cadastrar no Redome, o doador deve procurar o hemocentro de sua cidade. Qualquer pessoa entre 18 e 55 anos de idade e que não tenha doença infecciosa transmissível pelo sangue pode se cadastrar. Se for verificada compatibilidade com algum paciente, o doador é, então, convocado a realizar testes confirmatórios e fazer a doação. Além de ser indicado para o tratamento de leucemia, o transplante de medula óssea é utilizado em casos de linfomas e de alguns tipos de anemias.
PADRÃO DE QUALIDADE – Os transplantes de medula óssea são realizados no Brasil desde 1970. O Sistema Nacional de Transplantes (SNT) brasileiro alcançou padrão de qualidade internacional por meio da criação do Redome, em 2000, e da integração deste Registro, desde maio deste ano, com a maior rede de registros de doadores de medula óssea do mundo, o americano National Marrow Donor Program (NMDP).
Com a integração, de um lado, o Ministério da Saúde autorizou que pacientes estrangeiros possam tentar identificar e utilizar as células-tronco de doadores brasileiros. De outro, o Brasil facilitou a busca por doadores nos registros internacionais, caso eles não sejam encontrados no país.
A oferta de medula óssea para pacientes de outros países não prejudica o brasileiro que necessita do transplante, pois uma pessoa pode doar várias vezes. Estima-se que, em aproximadamente um mês, o doador tenha recuperado o volume da medula doada. A orientação é que o paciente espere seis meses para fazer uma nova doação.
AVANÇOS – Os transplantes de medula óssea entre pessoas que não são da mesma família cresceram 411,5% no Brasil entre 2001 e 2008, de 26 para 133. No mesmo período, o número de doação entre parentes aumentou 25,3% e o transplante autogênico (quando as células-tronco vêm de outra parte do corpo do próprio paciente), 191,7% (veja gráfico).
Quanto aos centros transplantadores, nos anos 1980, apenas três hospitais realizavam transplantes de medula óssea não-aparentado (pessoas de famílias diferentes). Hoje, são 17. Os transplantes de medula óssea aparentados (entre parentes) são realizados em 44 hospitais e os autogênicos, em 59.
Os pacientes com leucemia também contam com a rede de bancos públicos de sangue de cordão umbilical, fonte alternativa ao transplante. Hoje, são quatro bancos em funcionamento: Inca, Hospital Albert Einstein, Hemocentro de Ribeirão Preto e Hemocentro da Unicamp. Até o fim de 2010, serão implantados mais oito bancos (RS, DF, PE, PA, PR, SC, CE e MG), com um investimento previsto de R$ 38 milhões.
INVESTIMENTOS – Em 2008, o Brasil investiu R$ 222.030.671,33 nos transplantes de medula óssea. Desde 1999, o Sistema Único de Saúde (SUS) financia a identificação internacional de doadores. O custo de cada busca é de, aproximadamente, R$ 50 mil. O processo compreende os exames de identificação do doador, a coleta das células-tronco e o transporte das medulas identificadas até o Brasil.
Gráfico 01
Gráfico 02
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