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sexta-feira, 2 de novembro de 2012

Itaipu começa estudo para primeiro VLT elétrico do Brasil


Um modelo em escala real do Veículo Leve sobre Trilhos (VLT), produzido pela empresa cearense Bom Sinal está em Foz do Iguaçu para a implementação de um inédito sistema de tração elétrica. O trabalho será desenvolvido pela Itaipu Binacional. A intenção dos engenheiros e técnicos da empresa é desenvolver o primeiro VLT elétrico do Brasil.

O mock-up, como o protótipo também é chamadochegou ao Centro de Pesquisa,Desenvolvimento e Montagem de Veículos Movidos a Eletricidade (CPDM-VE), o Galpão G5da usina de Itaipu, no sábado (27), após uma viagem rodoviária de duas semanasForam mais de 3 mil quilômetrospartindo de Barbalhasede da empresa no Cearáaté o Oeste paranaense.

Por causa das dimensões do veículo, a viagem foi feita em carreta rebaixadaadaptada para o transporte, e velocidade reduzida. O mock-up pesa de 8 a 10 toneladas e tem 11 metros de comprimento, 4 de altura e 3 de largura.

engenheiro Celso Novaiscoordenador brasileiro do Projeto Veículo Elétrico (VE),explicou que a primeira fase do projeto será promover um estudo de acomodação do sistema de tração elétrica no protótipo“Ou sejaserá transformar esse VLTque é a diesel, numa versão puramente elétrica”adiantouEssa fase deve durar um ano e meio.

segunda fase do estudoque deverá levar mais um ano e meio para conclusãoserá para desenvolver uma versão elétrica do VLT sem as catenárias – como são chamados os cabos de alimentação externosinstalados sobre os trensmuito comuns nas versões europeias.

“A remoção das catenárias vai representar uma grande evoluçãoQueremos usar um sistema com baterias de sódioque provavelmente terá ou uma carga rápidaou um sistema sem fio de recargaou um sistema de recarga nas paradasTodas as possibilidades serão estudadas”antecipou.
Outra vantagem do trem sem catenáriassegundo Novaisestá no preço final do produto. A supressão dos cabos de alimentação poderá reduzir para um terço o valor gasto na instalação de um projeto de VLT numa cidade.

Primeiros passos

engenheiro Márcio Massakiti Kuboda Assessoria de Mobilidade Sustentáveldisse que vinda do mock-up a Foz do Iguaçu vai permitir o início da chamada análise de interferência mecânica do projetoSerá verificado o espaço disponível para a instalação da tração elétricaincluindo motor, sistema de acoplamentocaixa de reduçãosistemas de fixaçãoalém da parte de eletrônica de potênciaresponsável pelo acionamento do motor.

Outra preocupaçãosegundo o engenheiroserá especificar as características técnicas do sistema de tração que melhor se adaptam ao tipo de aplicação desejada – ou seja, o transporte público de passageiros.
“O regime de trabalho requerido para esse tipo de aplicaçãoque envolve aceleração, torque e velocidadeé diferente de um caminhão ou um ônibus”observou“Por isso,teremos que determinar exatamente as características técnicas de cada componente”,completou.

De acordo com Celso Novaisserá necessário instalar um pequeno trecho de trilhos dentro de Itaipupara os testes iniciaisAinda segundo ele, a versão elétrica do VLT poderá alcançar velocidade de até 170 km/h, ante os 120 km/h atuais da versão a diesel.

Com essas características, o veículo terá potencial para ser utilizado não apenas no transporte urbano de passageirosmas também em trechos intermunicipais. A capacidade mínima de cada composição, com dois vagõesé de até 96 passageirosMas o sistema poderá ser configurado para carregar até quatro vagões – sendo dois módulos intermediários.

Parcerias

Paralelamente ao desenvolvimento do VLT elétrico, o Projeto VE vai intensificar o contato com empresas com know-how reconhecido no setor e que poderão dar suporte técnico ao trabalhoAlém da atual parceria KWOque opera um VLT na Suíçapoderão ser incorporadas ao projeto as empresas Stadlerda Suíçaque  mais de 50 anos atua no segmento; a Voith e a Siemens, da Alemanha; e o braço europeu da canadense Bombardier.

Família VE

Com o VLT, a família de protótipos do Projeto VE ganha um novo integrante. Itaipu e parceiros do projeto já desenvolveram modelos elétricos do Palio Weekend, do utilitário Marruá, além de um caminhão, um ônibus puramente elétricos e um ônibus híbrido a etanol.