Os quatro laboratórios estão divididos nas redes temáticas: geoquímica, tectônica, sedimentologia e estratigrafia. No local, pretende-se desenvolver a pesquisa isotópica, que permite, por exemplo, utilizar metodologias diferenciadas para determinar a idade das rochas. Trata-se de um balizador fundamental à atividade exploratória, tanto a petrolífera quanto a de outros bens minerais.
De acordo com o coordenador Roberto Ventura, as articulações para a criação do laboratório se iniciaram em 1995 e tiveram impulso com o lançamento da Rede Nacional de Estudos Geocronológicos, Geodinâmicos e Ambientais (Rede Geochronos) pela então ministra de Minas e Energia, Dilma Rousseff, em 2004.
Ventura explica que o projeto possui investimentos, além da Petrobras, do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI), por meio dos fundos setoriais e do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), entre outros parceiros. Ele conta que a iniciativa antecipou a criação das redes temáticas pela Petrobras, voltadas para a formação de infraestrutura de pesquisa em todo o país.
Aloizio Mercadante destacou o papel estratégico da Petrobras, na área de gás e petróleo como geradora de ciência, tecnologia e inovação. Ele frisou ainda os desafios impostos ao país com a descoberta da camada pré-sal e a necessidade de desencadear grandes investimentos e equipamentos no Brasil.
Mercadante lembrou a existência de poucas empresas no país com alta capacitação tecnológica nessa cadeia. Ele também sustentou a importância de se aprofundar o debate sobre a distribuição dos royalties do petróleo e a importância do direcionamento desses recursos para pesquisa.
“São os 2% do faturamento da cadeia do petróleo da Petrobras, obrigatoriamente investidos em ciência, tecnologia e inovação, que geram toda essa rede, essas oportunidades, e devolvem à Petrobras descobertas fantásticas como o pré-sal”, ressaltou. “Isso não seria possível se os investimentos não fossem feitos nesta rede de pesquisa em que a geologia tem papel extraordinário.”
O ministro ainda explanou sobre projetos do governo federal que podem contribuir para impulsionar a pesquisa de geociências no país. Entre eles, o Ciência sem Fronteiras, que visa a oferecer 100 mil bolsas para estudantes brasileiros nas melhores instituições do mundo, além de trazer jovens talentos e pesquisadores de alto nível de várias áreas para o Brasil.
Cemaden
Para o diretor do Centro de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (Cemaden/MCTI), também professor do Instituto de Geociências da Universidade de Brasília (UnB), Reinhardt Adolfo Fuck, o Brasil dá um grande passo para o desenvolvimento na área.
“É o laboratório de geologia isotópica mais eficiente do nosso país, com certeza da América do Sul, e é um dos melhores do mundo. Produz dados com uma velocidade incrível. Dados que são extremamente precisos e preciosos. Não só para a geologia, mas para uma multiplicidade de disciplinas que aufere a vantagem de ter essa grande obra construída aqui no Planalto Central”, disse o diretor, que participou das articulações para a construção do conjunto de laboratórios desde o início.
Na cerimônia, Aloizio Mercadante aproveitou para convidar os geólogos a atuar no Cemaden, diante da necessidade da participação desses profissionais no mapeamento geotécnico em regiões de risco. “Não basta ter a capacidade de ler as imagens dos satélites, radares, pluviômetros e hidrômetros. Nós precisamos que algum geólogo tenha subido aquele morro e saiba o quanto de chuva vai levar ao deslizamento para termos um sistema de alerta eficiente”, disse.
Segundo o ministro, houve falta de candidatos da área de geologia no concurso recentemente realizado para a contratação de pessoal para o centro. O ministério estuda a possibilidade de um novo concurso internacional para atender a demanda.
Participaram ainda da solenidade o reitor da UnB, José Geraldo, o secretário de Políticas e Programas de Pesquisa e Desenvolvimento do MCTI, Carlos Nobre e o chefe de gabinete da presidência da República, o geólogo Giles Azevedo, além de representantes do Ministério de Minas e Energia (MME) e da Companhia de Recursos Minerais e Serviço Geológico, entre outras autoridades, técnicos, estudantes e pesquisadores.
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