Brasil, Moçambique e Portugal revelam múltiplos olhares sobre a zona costeira
Agência Museu Goeldi – De 4 a 6 de outubro o Museu Paraense Emílio Goeldi (MPEG) vai receber antropólogos, cientistas sociais e estudantes do Brasil e do exterior durante o Seminário Internacional “Múltiplos Olhares sobre a Zona Costeira dos Países de Língua Portuguesa”. O evento faz parte das comemorações dos 145 anos do Museu Goeldi e é resultado das ações do Projeto de Cooperação Internacional Uso e Gestão de Territórios em Comunidades Haliêuticas – Políticas Nacionais: espaço físico e políticas de sustentação; as gentes e a organização social; diálogo intercultural e a transmissão de conhecimentos em Moçambique, Portugal e Brasil. Também conhecido como Projeto CLPL.
Com o objetivo de fortalecer o intercâmbio com a África e avançar na parceria com a Europa, os estudos com populações haliêuticas (habitantes das margens de rios e oceanos) é uma parceria entre pesquisadores do Museu Goeldi, por meio do Laboratório de Antropologia dos Meios Aquáticos (LAMAQ) e do Projeto Populações Tradicionais Haliêuticas - Impactos Antrópicos, Uso e Gestão da Biodiversidade em Comunidades Ribeirinhas e Costeiras da Amazônia Brasileira (RENAS); da Universidade Lúrio, Moçambique, e da Universidade Aberta de Portugal por meio do Centro de Estudos das Migrações e Relações Interculturais (UAB – CEMRI).
Será apresentado nos três dias de seminário os resultados das missões científicas que vêm se desenvolvendo desde 2008 nas zonas marítimas e estuarinas dos três países associados. Com a realização deste evento, o Museu Goeldi pretende não somente promover a troca de conhecimento, mas também estreitar relações com a Universidade Lúrio, de Moçambique, e a Universidade Aberta de Portugal, parceiras do projeto. O evento também preconiza o livro que será lançado em 2012 com apoio dessas instituições e do Governo do Estado do Pará, através da Secretaria de Comunicação Social e Imprensa Oficial
O Diálogo Intercultural – O governo brasileiro tem encorajado nos últimos anos a ampliação e o fortalecimento de políticas públicas que promovam maiores interações entre os países de Língua Portuguesa que compartilham de uma mesma herança cultural, originária não só da cultura européia, mas também da africana. O Projeto Populações Tradicionais Haliêuticas-Impactos Antrópicos, Uso e Gestão da Biodiversidade em Comunidades Ribeirinhas e Costeiras da Amazônia Brasileira (RENAS), coordenado pela Dra. Lourdes Furtado, do Museu Paraense Emílio Goeldi, vem promovendo esse diálogo pelo seu embasamento antropológico, e mais recentemente, por parcerias interdisciplinares com as coordenações de botânica, ciências da terra, zoologia e museologia do MPEG.
Por meio da associação do RENAS com o projeto CLPL, esse diálogo pôde ser ampliado com os estudos nas comunidades pesqueiras dos três países, as quais possuem representatividade econômica em suas regiões. O resultado da pesquisa visa uma articulação entre comunidade e universidade onde a troca de conhecimentos promoverá um desenvolvimento sustentável das populações haliêuticas.
Sobre os diálogos interculturais, a pesquisadora do Museu Goeldi, Ivete Nascimento, explica que “uma importante condição no estabelecimento dos diálogos, se relaciona a transmissão dos conhecimentos resultantes da convivência do saber local e acadêmico. A prática do RENAS privilegia ações de divulgação onde esta transmissão/troca é realizada de várias formas, direcionadas a públicos diversos. Pressupondo que estas ações permitem a manutenção do diálogo resultando no enriquecimento da nossa diversidade cultural.”
Acervo Fotográfico - A pesquisadora cita ainda a realização da mostra fotográfica "Múltiplos Olhares" que teve sua primeira versão apresentada na Coordenação de Ciências Humanas do Museu Paraense Emílio Goeldi em 2008, e a segunda, no mesmo local, em 2010. A mostra também aconteceu na Universidade Lúrio em Nampula, Moçambique, no mesmo ano. Essa exposição é composta do acervo fotográfico produzido pelos parceiros dos três países durante as atividades de campo realizado nas comunidades pesqueiras. Durante as atividades do seminário que marcam o encerramento do projeto CPLP ocorrerá a terceira versão da exposição que será apresentada virtualmente na forma de "loop" na entrada do auditório "Paulo Cavalcante". O cd, com as imagens da mostra, farão parte do material entregue aos participantes do evento.
As missões - As três missões científicas em áreas haliêuticas foram desenvolvidas em Portugal, Moçambique e no Brasil. As áreas de trabalho, no Brasil, situaram-se no litoral amazônico, zona costeira do estado do Pará. Em 2008 começou pela orla fluvial de Belém, Icoaraci, e na ilha de Outeiro. Depois se expandiu para os municípios de Abade e Curuçá em 2010, na Reserva Extrativista Marinha Mãe Grande. Já em Moçambique, os trabalhos se concentraram em Ruela – um Conselho Comunitário de Pesca da Província de Cabo Delgado ao norte do país -, na Costa do Sol e em Catembe. Além da Província de Maputo na região litorânea do Oceano Índico. Em Portugal situaram-se em Sesimbra, Carrasqueira, Póvoa de Santa Iria, estuário do Rio Sado, em Setúbal, e Vila Chã, uma Freguezia do Porto, ao norte do país.
Serviço: Seminário Internacional “Múltiplos Olhares sobre a Zona Costeira dos Países de Língua Portuguesa”, de 4 a 6 de outubro, auditório Paulo Cavalcante, Campus de Pesquisa do Museu Paraense Emílio Goeldi, Av. Perimetral, 1901.
Texto: Luiz Thomaz Sarmento
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