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sábado, 9 de maio de 2009

WWF BRASIL: Povos indígenas e conservação da Amazônia em debate


Organizações indigenistas e ambientalistas se reuniram na última terça-feira (5 de maio) na sede do WWF-Brasil, em Brasília, para discutir estratégias conjuntas de conservação do meio ambiente e manutenção das culturas indígenas do Brasil. O debate foi marcado pela constatação de que tanto ambientalistas quanto indigenistas enfrentam desafios similares.O superintendente de conservação do WWF-Brasil, Cláudio Maretti, lembrou que num contexto de grande pressão sobre a Amazônia, é importante unir esforços para fazer frente às diversas ameaças à conservação da natureza e às terras indígenas, como a construção de barragens e estradas, feitas sem os devidos estudos e cuidados socioambientais.Há 10 anos, a Rede WWF foi pioneira entre as organizações ambientalistas ao reconhecer a grande contribuição dada pelos povos indígenas para a conservação da natureza nas áreas em que vivem. A Rede WWF, a partir desse reconhecimento, ressaltou a importância de se garantir aos indígenas seu direito aos recursos naturais e à manutenção de seu conhecimento e sua cultura para a preservação dessas áreas no futuro. Conheça a publicação com os Princípios da Rede WWF sobre povos indígenas.No Brasil, os órgãos públicos responsáveis pela gestão de unidades de conservação e de terras indígenas também reconheceram a importância dos indígenas para a preservação do meio ambiente. Iara Vasco, coordenadora de patrimônio indígena e meio ambiente da Funai, afirmou que algumas políticas públicas indigenistas já levam em consideração as práticas de manejo utilizadas tradicionalmente pelos povos indígenas. Ela ressaltou, no entanto, que os conflitos persistem, especialmente porque não há clareza sobre como o Estado vai responder à demanda de preservação das terras indígenas.Ana Paula Souto Maior, advogada do Instituto Socioambiental que também participou da reunião, ressaltou que as terras indígenas ocupam cerca de 100 milhões de hectares na Amazônia e que, de modo geral, os recursos naturais estão mais bem preservados nessas áreas do que em seu entorno, inclusive em unidades de conservação. Com esse cenário, de acordo com a advogada, a necessidade de traçar estratégias conjuntas de ação entre ambientalistas e indigenistas mostra-se urgente.Almir Suruí, indígena de Rondônia que veio a Brasília para falar às organizações participantes da reunião sobre as expectativas dos povos indígenas com relação à atuação das organizações ambientalistas, destacou a importância de se fortalecerem as organizações indígenas da Amazônia. Almir, que é coordenador geral da Associação Metareilá do Povo Indígena Suruí, resumiu sua visão sobre o tema: "para pensar em desenvolvimento justo na Amazônia, não basta pensar em florestas em pé, em animais protegidos, mas em qualidade de vida para os seres humanos. Muita gente acha que as terras indígenas prejudicam o desenvolvimento, mas nós indígenas estamos garantindo a parte verde do País".


Você sabia?

No Brasil, há 227 povos indígenas, que falam 180 línguas diferentes.
Há 626 terras indígenas demarcadas ou com algum grau de reconhecimento oficial. 403 terras indígenas estão na Amazônia.
450 mil indígenas vivem em terras indígenas e outros 150 mil moram em cidades.
23 povos indígenas têm mais de 5 mil indivíduos, mas 50 povos têm população inferior a 50 indivíduos.
60% de todos os indígenas vivem nas terras indígenas localizadas na Amazônia, que ocupam 98.8% da extensão das terras indígenas. Os outros 40% da população vivem em apenas 1,2% da extensão das terras indígenas, localizadas nas demais regiões do Brasil.
As terras indígenas ocupam 109,7 milhões de hectares, ou 12,8% do território nacional.
177 terras indígenas estão localizadas em faixa de fronteira, e 34 têm limites na linha de fronteira.

Fonte: Instituto Socioambiental

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