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sexta-feira, 7 de janeiro de 2011

Pesquisa investiga processos que formam as nuvens quentes

Os processos físicos relacionados à evolução de nuvens de tempestade são ainda desconhecidos e ainda poucos descritos com precisão pelos modelos numéricos de previsão de tempo e clima. Com a melhor capacidade de processamento do novo supercomputador do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe/MCT), que irá rodar modelos de maior resolução espacial, o desenvolvimento de algoritmos para tais processos meteorológicos, que evoluem em escalas de alguns quilômetros, passam a ser de interesse às previsões de tempo e clima e às pesquisas em mudanças climáticas.

O projeto temático Chuva, aprovado recentemente pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp), irá se concentrar nos diferentes processos que ocorrem no interior de nuvens quentes. Estas nuvens, típicas de regiões tropicais, principalmente em regiões costeiras, e nas quais não se observam partículas de gelo, estão associadas às fortes chuvas que caracterizam eventos meteorológicos extremos. Elas foram responsáveis, por exemplo, pelas chuvas contínuas que provocaram enchentes, em anos anteriores, no Vale do Itajaí, em Santa Catarina, e em 2010 no Rio de Janeiro e nos estados de Alagoas e Pernambuco.

As chuvas provocadas por essas nuvens não são consideradas nas estimativas de precipitação dos atuais satélites em órbita, uma das principais preocupações do projeto de acordo com Luiz Augusto Machado, pesquisador do Centro de Previsão do Tempo e Estudos Climáticos (Cptec) do Inpe e coordenador principal do Chuva. As contribuições nesta área serão incorporadas ao satélite brasileiro, a ser lançado em 2015, como parte da constelação de satélites do programa GPM (Global Precipitation Measurement), liderado pelas agências espaciais dos Estados Unidos (Nasa) e do Japão (Jaxa).

Os resultados da pesquisa devem ser aplicados também à área de mudanças climáticas, em análises dos efeitos dos aerossóis (partículas de queimadas) na formação de nuvens de chuva e na modelagem de alta resolução espacial que deverá detalhar melhor estes processos.

Cinco grupos de trabalho criados dentro do projeto atuarão de forma interativa a partir das seguintes áreas de pesquisa: 1. Características e ciclo de vida de sistemas de precipitação por região; 2. Estimativa de Precipitação – desenvolvimento e algoritmo de validação; 3. Processos de eletrificação: das nuvens às tempestades; 4. Características das camadas limites para diferentes processos de evolução das nuvens e de regimes de precipitação; e 5. Modelo de aprimoramento e validação, com ênfase na microfísica de nuvens e interações de aerossol, para estimativas de precipitação por satélite no Brasil.

Sete regiões com diferentes regimes de chuva e padrões climáticos foram escolhidas para a realização das campanhas científicas que contarão com a participação da NOAA, Nasa, universidades dos Estados Unidos e européias. Neste ano, três experimentos estão programados: o primeiro, em Fortaleza (CE), em abril; depois em Belém (PA), em junho, e em São Luiz do Paraitinga (SP), no final do ano. Para as medidas, serão utilizados radar polarimétrico, lidar, radiômetro de microonda, disdrômetros, radiossondas, entre outros instrumentos.

Experimento em Alcântara

O programa GPM ou Medidas Globais de Precipitação, liderado pela Nasa e Jaxa, que inspirou o projeto Chuva, também vem estimulando outras iniciativas científicas. Em março de 2010 foi realizada a campanha GPM 2010 Chuva, que utilizou o Centro de Lançamento de Alcântara (CLA), no Maranhão, como base para os experimentos. O objetivo foi estudar a formação das gotas de chuva de nuvens quentes e aperfeiçoar modelos de previsão de tempo e a estimativa da precipitação a partir de dados de satélites meteorológicos.

Desde 2004, a Agência Espacial Brasileira (AEB/MCT) apoia iniciativas que ampliam a participação brasileira neste programa que busca compreender o papel das chuvas em nível global.

Mais informações sobre o GPM Brasil no link:
http://http://www.aeb.gov.br/mini.php?secao=gpm
Fonte: Ministério da Ciência e Tecnologia

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