O Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Telecomunicações (MCTIC) investirá R$ 100 milhões no enfrentamento do COVID-19. O recurso foi liberado como crédito suplementar pelo Governo Federal e terá como origem o Fundo Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (FNDCT). O MCTIC também está lançando o IdearuMCTIC (www.mctic.gov.br), uma ferramenta para a conexão de ideias e avaliação de maturidade de soluções tecnológicas, com foco inicial nos desafios apresentados pela pandemia.
Na área da ciência, está sendo anunciada nesta sexta-feira (27) uma chamada pública na área da saúde no valor de R$ 50 milhões, sendo que o MCTIC investirá R$ 30 milhões e o Ministério da Saúde 20 milhões. O edital será lançado por meio do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), agência vinculada ao MCTIC. A chamada contemplará projetos nas áreas de diagnósticos, vacinas, testes clínicos com pacientes, patogênese do vírus e outros temas relacionados ao combate ao COVID-19.
Além disso, o MCTIC está anunciando 07 (sete) encomendas tecnológicas no valor total de R$ 50 milhões por meio da Financiadora de Estudos e Projetos (Finep), empresa pública do MCTIC. São elas: sequenciamento do código genético do vírus, dois protocolos de testes clínicos com paciente utilizando medicamentos para combater o COVID-19, um estudo utilizando Inteligência Artificial para seleção de moléculas que possam inibir a replicação viral, pesquisa em inovação para testes diagnósticos, desenvolvimento de vacinas e projeto na área social.
Além disso, o ministério está atuando em várias outras frentes:
PESQUISA CIENTÍFICA
A Rede Vírus MCTIC, criada em fevereiro com pesquisadores e especialistas, está em pleno funcionamento no Brasil e interligada com uma rede internacional de 15 países composta por ministros de ciência e tecnologia, que se reúne por teleconferência semanalmente.
Institutos de Ciência e Tecnologia, universidades, agências e laboratórios atuam em conjunto no desenvolvimento de diagnósticos, tratamentos, vacinas e produção de conhecimento sobre o vírus. Ganhou destaque o trabalho das pesquisadoras da Universidade de São Paulo (USP) Ester Sabino e Jaqueline Goes de Jesus, que, em 48 horas após o primeiro caso no Brasil, fizeram o sequenciamento do genoma do vírus. A estrutura que tornou o trabalho possível veio com o investimento destinado pelo CNPq/MCTIC.
No Laboratório Nacional de Biociências (LNBio), componente do Centro Nacional de Pesquisa em Energia e Materiais (CNPEM), organização social do MCTIC, estão concentradas pesquisas para possíveis tratamentos ao novo coronavírus. Por meio de ferramentas de biologia computacional e inteligência artificial, os pesquisadores, em tempo recorde, já avaliaram cerca de 2 mil fármacos. Desses, 5 foram considerados promissores e seguem em testes com células infectadas com o vírus.
A Rede Vírus MCTIC também foi responsável pela recomendação à Casa Civil para a inclusão das pesquisas científicas relacionadas ao combate ao COVID-19 na lista de atividades essenciais, estabelecidas por decreto presidencial.
Os Correios, empresa pública do MCTIC, estão atuando como apoio logístico para a Rede Vírus, comitê do Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações (MCTIC) responsável pela coleta de material viral (novo coronavirus e influenza). Os insumos estão sendo utilizados em estudos sobre o contágio, proliferação dos vírus e vacina para as doenças.
Já foram realizadas duas operações, que transportaram material das amostras, o isolamento e cultivo do coronavírus, conforme as regras de biossegurança, no Instituto de Ciências Biomédicas da Universidade de São Paulo (USP), em São Paulo, e posterior envio para grupos de pesquisa e laboratórios clínicos de referência públicos e privados.
O transporte realizado pela empresa é dotado de altos requisitos de segurança e agilidade, para que o material seja entregue até 20 horas após a coleta, em perfeito estado de conservação e com risco zero de contaminação, tanto de pessoas quanto do ambiente por onde as amostras transitam.
Parceria com o governo federal
Antes do laboratório brasileiro conseguir cultivar o vírus, era necessário importá-lo de outros países, que estavam lidando com a pandemia para que se pudesse estudá-lo ou realizar os diagnósticos. Como referência, só o transporte custava em torno de 2,5 a 3 mil euros. Isso se o laboratório estrangeiro fornecesse o vírus de graça.
Por intermédio do ministro da Ciência e Tecnologia, Astronauta Marcos Pontes, foi estabelecida uma parceria entre o laboratório e os Correios para a distribuída gratuita ao pesquisador de qualquer lugar do país em até 24 horas após serem despachadas do Laboratório.
As amostras produzidas na USP baratearam os custos da produção dos testes de diagnósticos da doença, e ampliaram a lista de laboratórios aptos a examinar o coronavírus.
TECNOLOGIA E INOVAÇÃO
Com foco no Covid-19, o MCTIC está dando início ao IdearuMCTIC, que formará um banco de dados de pesquisadores e suas pesquisas, bem como desenvolvedores de projetos. Qualquer um pode participar cadastrando no site www.mctic.gov.br uma pesquisa, desenvolvimento ou inovação. Essas soluções são importantes para auxiliar o MCTIC a identificar ideias e soluções tecnológicas existentes, seus respectivos graus de desenvolvimento tecnológico (pesquisa, desenvolvimento e/ou exploração comercial) e as melhores aplicações de cada uma.
Outro projeto fundamental é o do Robô Laura/MCTIC. Nesta sexta-feira (27/03) foi publicado um acordo de cooperação para uso da inteligência artificial na área da saúde, que pode revolucionar o diagnóstico de infecções hospitalares em todo País. O uso desta tecnologia permite que se identifique quadros de infecção com ao menos dez horas de antecedência. Em linhas gerais, um robô cruza todos os dados dos pacientes e fornece as informações necessárias para a tomada de decisão pelos médicos.
O protocolo foi assinado entre o Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações (MCTIC), Hospital das Forças Armadas (HFA), a Rede Nacional de Ensino e Pesquisa (RNP), organização social do MCTIC, e o Instituto Laura. Com estudos iniciados há uma década a tecnologia já ajudou a salvar mais de 12 mil vidas e é utilizado em 30 hospitais brasileiros. Com a assinatura deste acordo, pode-se testar e homologar a tecnologia para ser implantada em hospitais públicos em todo o Brasil.
Em relação à pandemia do COVID-19, a tecnologia de Inteligência Artificial aplicada ao Robô Laura/MCTIC já está sendo implementada para fazer o pronto atendimento digital no que se refere a triagem de pacientes com suspeita de contaminação pelo novo coronavírus.
COMUNICAÇÕES
A Rede Conectada MCTIC foi criada com o objetivo de preservar a integridade do setor de Comunicações e garantir a continuidade dos serviços e acesso de qualidade a seus usuários. Logo após a publicação da portaria nº 1153/2020 que institui o comitê, na sexta-feira (20), foi realizada a primeira reunião da Rede Conectada MCTIC por meio de videoconferência, com a participação do ministro do MCTIC, Marcos Pontes e reunindo em torno de 40 representantes do setor, abrangendo empresas de telecomunicações, serviços satelitais, radiodifusão. Entre as principais deliberações esteve a identificação dos serviços como essenciais, o que foi recomendado à Casa Civil e regulamentado por meio de decretos presidenciais. O comitê se reúne diariamente.
Além disso, MCTIC desenvolve rapidamente um plano para colocar internet em 16 mil unidades de saúde que não possuíam rede. Esta ação atende a uma necessidade urgente identificada pelo Ministério da Saúde. Em 48 horas, o MCTIC já conseguiu encaminhar a solução para conectar mais de 13 mil unidades de saúde. E nos próximos dias pretende resolver a totalidade desta demanda. Os serviços serão realizados por prestadores de todo o Brasil, em contratação realizada em parceria com o Ministério da Saúde.
Em paralelo, o MCTIC está coordenando diversas ações para uso das tecnologias digitais para combater a pandemia. Além disso, tem dedicado especial atenção em preservar o funcionamento dos serviços de telecomunicações no Brasil.
Por fim, o MCTIC está desenvolvendo um projeto para o setor educacional. A ideia é criar mecanismos para facilitar a educação à distância neste momento de restrição social, causada pela epidemia do COVID-19.