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quinta-feira, 12 de fevereiro de 2009

“Almirante Maximiano” é incorporado à Marinha do Brasil.


Foi incorporado, no dia 03 de fevereiro de 2009, o Navio Polar Almirante Maximiano, em cerimônia presidida pelo Exmo. Sr. Chefe do Estado-Maior da Armada (CEMA), Almirante-de-Esquadra Aurélio Ribeiro da Silva Filho, na cidade de Bremerhaven, Alemanha.
Também compareceram ao evento o Exmo. Sr. Comandante da 2ª Força Operacional da Marinha Alemã e representante daquela Força no evento, Comodoro Karl-Wilhelm Bollow, além do Diretor de Hidrografia e Navegação (DHN), Vice-Almirante Luiz Fernando Palmer Fonseca, o Comandante da Escola de Operações Navais - Bremerhaven, Capitão-de-Mar-e-Guerra Gerd Kiehnle, o Capitão dos Portos de Bremen-Bremerhaven, Capitão de Longo Curso Andreas Mai e o Adido de Defesa e Naval na República Federal da Alemanha e Holanda, Capitão-de-Mar-e-Guerra Carlos Frederico Carneiro Primo, e outras autoridades militares e civis locais.
A cerimônia foi iniciada às 14:30h, com o desembarque da antiga tripulação do ex-MV “Ocean Empress”. Sob o comando do Imediato, o Capitão-de-Fragata Horacio Lopes Senior, a primeira tripulação do NPo Almirante Maximiano, composta por 12 Oficiais e 42 Praças, embarcou no Navio.
O Vice-Almirante Palmer, filho do Almirante Maximiano, foi convidado a hastear pela primeira vez o Pavilhão Nacional no Navio.
Encerrado o cerimonial à Bandeira, foi empossado pelo CEMA o primeiro Comandante do Navio, o Capitão-de-Mar-e-Guerra Sérgio Ricardo Segovia Barbosa, que foi recebido em seguida, com Honras de Portaló, a bordo de seu Navio.
Após o embarque das autoridades presentes, foi assinado o Termo de Armamento e descerrada a placa alusiva à incorporação do Navio à Armada.
Em seguida, as autoridades foram convidadas a visitar o Navio, em especial seus novos compartimentos, tais como os cinco laboratórios, o convôo e hangar, escritórios e academia de ginástica, bem como o passadiço, com destaque ao novo sistema de posicionamento dinâmico.
Na Praça D’Armas, prestou-se uma homenagem ao Exmo. Sr. Almirante de Esquadra Maximiano Eduardo da Silva Fonseca, com o descerramento de um quadro, gentilmente cedido pela família.


Histórico

O navio foi construído em 1974, no estaleiro Todd (EUA), tendo sido comissionado como navio de apoio (“Supply Vessel”) às plataformas de petróleo no Mar do Norte.
Posteriormente, em 1988, no estaleiro Aukra (Noruega), foi convertido em navio pesqueiro (“Stern Factory/Processing Trawler”). Nesta ocasião, obras de grande vulto foram executadas, a ponto de ter sido preservada apenas a quilha como parte original. Devido a este fato, segundo a Classificadora Lloyds Register, conforme comunicado desta Sociedade datado de maio de 2007, considera o ano de 1988, na prática, como o seu novo ano de construção.
Em fevereiro de 2008, o Presidente Luis Inácio Lula da Silva, por ocasião de sua visita ao continente antártico, decidiu pela obtenção de um navio para, juntamente com o Navio de Apoio Oceanográfico “Ary Rongel”, apoiar as pesquisas brasileiras no continente gelado.
Entre os meses de março e abril daquele ano, iniciou-se o processo de seleção de um navio de pesquisa com capacidade de operar na região e, dentre os navios disponíveis, foi selecionado o Navio “Ocean Empress”.
Posteriormente, uma comissão composta por engenheiros navais e oficiais, com relevante experiência em operações antárticas, inspecionou o navio “Ocean Empress” e o considerou em boas condições, conforme relatório técnico elaborado.
O Navio foi adquirido por meio de Convênio assinado em 2008, entre a MB, a Financiadora de Estudos e Projetos (FINEP), empresa pública vinculada ao Ministério da Ciência e Tecnologia (MCT), e a Fundação de Desenvolvimento da Pesquisa (FUNDEP).
Em 03 de setembro do mesmo ano, efetivou-se a aquisição da embarcação e, em seguida, foram realizadas alterações estruturais no estaleiro Bredo, em Bremerhaven, para atender aos requisitos necessários para apoiar o Programa Antártico Brasileiro (PROANTAR) visando à incorporação deste meio no mês de fevereiro de 2009. Dentre essas alterações destacam-se:
- Construção de um convés de vôo, apto a operar com aeronaves UH-12/13 (Esquilo) e IH-6B (Bell Jet Ranger), e de um hangar climatizado, com capacidade para acomodar 2 helicópteros;
- Instalação de 5 laboratórios, sendo 2 laboratórios secos, 2 laboratórios molhados e 1 misto, os quais abrigarão os mais modernos equipamentos para o desenvolvimento de projetos científicos no ambiente antártico;
- Ampliação das acomodações de 50 para 106 pessoas, sendo mais de um terço destinado à comunidade científica; e
- Amplo passadiço com sistema de cartas eletrônicas (ECDIS), sistema de aquisição automatizada de dados hidroceanográficos, AIS e cinco estações de controle dos propulsores do Navio, de onde se pode atuar nos 2 eixos com HPC, 3 bow thrusters e 1 thruster azimutal existente na popa.
O Navio será operado e mantido pela DHN, por intermédio do Grupamento de Navios Hidroceanográficos (GNHo), e com a supervisão técnico-científica do Centro de Hidrografia da Marinha (CHM).
Conceito de Emprego

O Navio será empregado prioritariamente em coletas de dados oceanográficos na Região Antártica, em apoio aos projetos científicos do Programa Antártico (PROANTAR), podendo ser utilizado tanto em Águas Jurisdicionais Brasileiras como em outras regiões da “Área”, com a finalidade de realizar levantamentos hidroceanográficos para a atualização de cartas e publicações náuticas, sem prejuízo às atividades do PROANTAR e apoio logístico à Estação Antártica Comandante Ferraz (EACF).

Equipamentos Científicos e de Apoio

Para atuar segundo o seu Conceito de Emprego, estão sendo adquiridos para o NPo Almirante Maximiano, pela MB, equipamentos científicos e de apoio, muitos com instalação prevista para o corrente ano:
Guincho Oceanográfico para águas profundas§
Cabo eletromecânico (8000m)§
Ecobatímetro Multifeixe EM302§
Moving Vessel Profiler (MVP200)§
Smart sensor§
Sound Velocity Profiler (SVP)§
GPS científico (Seapath 200)§
Integrador de sensores acústicos§
Acustic Doppler Current Profiler (ADCP) de Casco (perfilador de§ correntes)
Conjunto Conductivity, Temperature and Depth (CTD)/Rosette§
Ecobatímetro EA600§
ADCP tipo "Lowed"§
Garrafas de Niskin ( 5 e 10 litros)§
Conjunto CTD/Rosette para águas rasas§
Estação Meteorológica Automática§
Termossalinógrafo§
Termômetros digitais§
Sensores Temp/Cond. Avulsos p/ CTD§
Guincho Geológico para águas profundas§
Cabo mecânico (8000m)§
Sonar de Varredura Lateral C3D§
SBP Chirp III§
SBP 300§
Portasal mod. 8410A§
Arco de Popa§
Arco Lateral ("Frame")§
Destilador/Bureta Digital§
Nasce então, em 3 de fevereiro de 2009, o Navio Polar Almirante Maximiano que, após instalar uma enorme gama de equipamentos no decorrer deste ano, passará a brilhar entre as cinco melhores plataformas mundiais voltadas à pesquisa em regiões polares.
Características

- Comprimento Total .................................................................................................... 93,4 m
- Comprimento entre perpendiculares ......................................................................... 83,2 m
- Boca moldada ........................................................................................................... 13,4 m
- Calado carregado ....................................................................................................... 6,2 m
- Deslocamento carregado ...................................................................................... 5.540 ton
- Sistema de propulsão:
- 2 Motores Caterpillar 3612 V12 2942 KW
- Geração de energia:
- 2 geradores de eixo Caterpillar 1464 KW
- 1 motor Caterpillar 3512 V12 1424 KW
- 1 Diesel gerador de emergência Cummins-KarstenMoholt 250 KW
- Velocidade Máxima Mantida(VMM) ............................................................................. 13 nós
- Velocidade Econômica de Cruzeiro(VEC) ................................................................... 11 nós
- Autonomia ................................................................................................................ 90 dias
- Tripulação .......................................................................................................... 54 militares
- Acomodação (1/3 destinado à comunidade científica) ..................................... 106 pessoas
- Sistema de Posicionamento Dinâmico (DP)
- 1 Bow Thruster BRUNVOLL SPT-AP-400
- 2 Bow Thrusters BRUNVOLL SPK-300
- 1 Azimutal Thruster AQUAMASTER US 630
- Notação de Classe ICE-C (capacidade de operar em condições de gelo amenas , ou seja, campo de gelo fragmentado de até 40 cm de espessura).


O Patrono

O nome “Almirante Maximiano” é uma justa homenagem ao insigne Almirante-de-Esquadra Maximiano Eduardo da Silva Fonseca. O Almirante Maximiano nasceu em São José das Taboas, Estado do Rio de Janeiro, em 6 de novembro de 1919. Tendo cursado a Escola Naval entre 1937 e 1941, mostrou especial entusiasmo pelas matérias ligadas à navegação, tendo optado pela especialização em Hidrografia. Em 1952, na Amazônia, ainda sem dispor de equipamentos eletrônicos de posicionamento, realizou admiráveis trabalhos como Comandante do NHi Rio Branco, chefiando a comissão que executou o levantamento hidrográfico e produziu as cartas náuticas que permitiram a abertura do Canal da Barra Norte do Rio Amazonas a navios de grande porte. Posteriormente, teve decisiva participação na escolha do equipamento de posicionamento Raydist, o qual, a partir de 1955, acelerou substancialmente a execução do Plano Cartográfico Brasileiro.
Recebeu, em janeiro de 1958, como Imediato, o NHi Sírius, construído no Japão, tendo assumido naquele mesmo ano o seu Comando, no qual voltou a realizar levantamento na Barra Norte do Rio Amazonas.
Em 1963, no comando do NHi Canopus, completou o levantamento da costa sul do Brasil e iniciou o dos Abrolhos.
Como Comandante do Centro de Sinalização Náutica e Reparos Almirante Moraes Rego (CAMR) (1966-1967), elaborou o planejamento para recuperação e melhoramento da sinalização náutica no Brasil que se consubstanciou como o primeiro plano de longo prazo para a atividade, servindo de base para a elaboração da parte do Plano Diretor da Marinha pertinente à Sinalização Náutica. Como Almirante, comandou o 1º Distrito Naval no Rio de Janeiro (1975-1977), foi o Diretor-Geral do Material da Marinha (1977-1979) e presidiu o Clube Naval. Foi empossado no Cargo de Ministro da Marinha no dia 15 de março de 1979.
Dentre suas realizações na pasta da Marinha, na área da Hidrografia, além da incorporação de novos meios flutuantes, foram adquiridos novos equipamentos, notadamente o Sistema de Automação Cartográfica, que veio colocar a Diretoria de Hidrografia e Navegação (DHN) no mesmo nível dos melhores serviços hidrográficos mundiais.
Sua ação culminou com a transferência da DHN para a Ponta da Armação, o que vem permitindo a contínua expansão da Diretoria e de suas organizações militares subordinadas.
A Sinalização Náutica foi outro setor para o qual o Ministro deu permanente atenção; ao deixar a pasta, contava a MB com 414 faróis e faroletes, e destes, nada menos de 116 haviam sido acrescentados na sua gestão.
Dentre os exemplares serviços que o Almirante Maximiano prestou à Marinha e a Nação, cabe lembrar sua decisão de adquirir o NApOc Barão de Teffé (1982 - Ex “Thala Dan”) que abriu o caminho para a presença do Brasil na Antártica, permitindo a realização da Primeira Expedição Antártica Brasileira e o estabelecimento da Estação Antártica Comandante Ferraz que, a partir de então, marca a presença de nosso país naquele Continente, na condição de membro do Tratado Antártico, e nos dá direito a voto nas decisões atinentes àquela região.
Ainda investido no cargo de Ministro, teve a iniciativa em notáveis realizações, que possibilitaram de forma empreendedora a implementação de doutrinas e idéias que iriam se refletir na eficiência de nossa Força Armada em anos vindouros, dentre elas: transferência do 5º Distrito Naval da cidade de Florianópolis, em Santa§ Catarina, para a cidade do Rio Grande, em 1983; criação do Comando Naval de Manaus; transformação do projeto Cabo Frio em Instituto Nacional para os Estudos do Mar - Almirante Paulo Moreira – IEAPM; criação da Sociedade de Amigos da Marinha – SOAMAR Brasil; implementação do Programa Nuclear da Marinha, com reflexos no desenvolvimento da comunidade científica e no progresso do Brasil; participação da mulher de forma pioneira nas Forças Armadas, com a criação§ do Corpo Feminino; decisão da construção no Brasil de submarinos convencionais; e criação da Empresa Gerencial de Projetos Navais – EMGEPRON.
Deixou o cargo de Ministro da Marinha em 22 de março de 1984. Neste mesmo ano, foi agraciado com o título de Doutor Honoris Causa pela Fundação Universidade Federal do Rio Grande. Faleceu no dia 08 de abril de 1998, no Rio de Janeiro.

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